Há algum tempo eu postei um texto sobre os perigos do uso do andador (segue abaixo).
Ontem, na edição 14 de janeiro de 2013- n° 714 da newsletter da Sociedade Brasileira de Pediatria saiu mais uma matéria, informando sobre os PERIGOS DO ANDADOR!
DÁ UMA OLHADA, VALE A PENA! E compartilha para os conhecidos com filhos, afilhados, sobrinhos, netos…!
14 de janeiro de 2013- n° 714
Pela proibição dos andadores!
14/01/13 – Em Passo Fundo (RS), um andador levou um bebê à morte em 2009. Em conseqüência, acionado pelo pediatra Rui Locatelli Wolf, o Ministério Público conseguiu interditar a utilização em escolas, creches e hospitais. Recentemente, foi a dra. Cláudia Lima, de Vitória (ES), quem denunciou à Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) o traumatismo craniano grave sofrido por uma criança, em conseqüência do aparelho. A entidade defende que a venda de andadores seja proibida, as famílias devidamente esclarecidas e está convidando os pediatras para que se mobilizem nesse sentido. Leia a carta, a seguir, e conheça também os depoimentos dos drs. Rui Wolf e Cláudia Lima.Andador: perigoso e desnecessário!Prezados colegas,
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) convoca todos a participarem ativamente da mais nova ação pela proteção da criança brasileira: o banimento completo dos andadores do nosso meio!
Todo pediatra sabe perfeitamente que o andador é um equipamento que só traz prejuízos, seja pela sua absoluta inutilidade no processo de aquisição da marcha, mas sobretudo pelos grandes riscos à segurança (que incluem não só os riscos de traumatismos cranianos potencialmente letais, mas também de queimaduras, intoxicações e até afogamentosA).
Em vista dos riscos consideráveis e da total falta de evidências de qualquer benefício associados aos andadores, muitas entidades voltadas para a atenção à saúde da criança têm recomendado a proibição da sua produção e venda. Informações mais detalhadas podem ser obtidas nos relatórios da Academia Americana de Pediatria [clique aqui] e na declaração conjunta da European Child Safety Alliance e da ANEC [clique aqui]. Entretanto, até o momento, o Canadá foi o único país a estabelecer a proibição da venda e utilização de andadores, com multa prevista para os infratores.
A Sociedade Brasileira de Pediatria, por meio do seu Departamento Científico de Segurança, conclama os pediatras brasileiros a se engajarem na campanha pela proibição da venda de andadores no Brasil.
Como ação imediata – enquanto travamos a luta custosa e lenta contra os entraves legislativos e interesses econômicos -,é importante que todos os interessados na saúde e na segurança da criança promovam um grande movimento comunitário pelo banimento do uso do andador.
Recomendações de ação aos pediatras:
1) Inclua na orientação antecipatória das consultas de puericultura, a partir do período neonatal, a contraindicação enfática ao uso de andadores.
2) Recomende que todas as famílias leiam a posição da SBP, disponível no site “Conversando com o Pediatra” [clique aqui].
3) Para as famílias que começarem a consultar com bebês que você não acompanhou desde o nascimento, pergunte se possuem andador e, em caso positivo, recomende a sua destruição.
4) Certifique-se de que não há andadores nos seus locais de trabalho, como hospitais e creches.
5) Envolva-se na divulgação em todos os meios de comunicação dos riscos do uso de andadores e por que devem ser banidos.
6) Notifique à SBP os casos de traumatismos causados por quedas de andador ou de alguma forma relacionados com o seu uso [Clique aqui].
Um grande abraço,
Eduardo Vaz
Presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP)
Aramis Antonio Lopes Neto
Presidente do Departamento Científico de Segurança da SBP
Assessoria de Comunicação da SBP
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Andador: perigoso e desnecessário
por Danilo Blank
No dia 7 de abril de 2007, o Governo do Canadá proibiu a comercialização de andadores para bebês em todo o país, determinando a total proibição de sua venda, revenda, propaganda e importação. Considerou também ilegal vender andadores em vendas de garagem, mercados de pulgas e no comércio ambulante. Recomendou ainda às pessoas que destruíssem e descartassem todos os andadores. Tal fato reacendeu uma velha controvérsia entre pediatras e pais: o andador é, afinal, uma inocente fonte de prazer e liberdade para os bebês ou uma arma travestida de produto infantil por meio da qual infligimos traumatismos físicos às inocentes criaturinhas?
A verdade é que o andador continua a ser muito popular e, contra as recomendações usuais dos pediatras, é utilizado por cerca de 60 a 90% dos lactentes entre seis e quinze meses de idade. Os motivos alegados pelos pais para colocarem seus bebês em andadores incluem: eles dão mais segurança às crianças (evitando quedas), independência (pela maior mobilidade), promovem o desenvolvimento (auxiliando no treinamento da marcha), o exercício físico (também pela maior mobilidade), deixam os bebês extremamente faceiros e, sobretudo, mais fáceis de cuidar. Entretanto, nos últimos tempos a literatura científica tem colocado por terra todas estas teses. A idéia de que o andador é seguro é a mais errada delas.
Há poucos meses, uma pesquisadora sueca, Ingrid Emanuelson publicou uma análise dos casos de traumatismo craniano moderado em crianças menores de quatro anos, que considerou o andador o produto infantil mais perigoso, seguido por equipamentos de playground. De fato, ao longo de mais de trinta anos, as revistas médicas têm chamado a atenção para o grande risco do andador, que anualmente causa cerca de dez atendimentos nos serviços de emergência para cada mil crianças com menos de um ano de idade. Isto corresponde a pelo menos um caso de traumatismo para cada duas a três crianças que utilizam o andador.
Um terço dessas lesões são graves, geralmente fraturas ou traumas cranianos, necessitando hospitalização. Algumas crianças sofrem queimaduras, intoxicações e afogamentos relacionados diretamente com o uso do andador, mas a grande maioria sofre quedas; dos casos mais graves, cerca de 80% são de quedas de escadas. Nos Estados Unidos, num período de 25 anos, foram registradas 34 mortes causadas por andadores, um número nada desprezível.
É verdade que o andador confere independência à criança.Contudo, todos os especialistas em segurança infantil justamente insistem que um dos maiores fatores de risco para injúrias físicas é dar independência demais numa fase em que a criança ainda não tem a mínima noção de perigo. É consenso que a capacidade de autoproteção só é adquirida a partir dos cinco anos de idade.
Colocar um bebê de menos de um ano num verdadeiro veículo que pode atingir a velocidade de até 1 m/s equivale a entregar a chave do carro a um guri de dez anos. Crianças até a idade escolar exigem total proteção. O andador atrasa o desenvolvimento psicomotor da criança, ainda que não muito. Bebês que utilizam andadores levam mais tempo para ficar de pé e caminhar sem apoio. Além disso, engatinham menos e têm escores inferiores nos testes de desenvolvimento.
O exercício físico é muito prejudicado pelo uso do andador, pois, embora ele confira mais mobilidade e velocidade, a criança precisa despender menos energia com ele do que tentando alcançar o que lhe interessa com seus próprios braços e pernas. Por fim, trata-se de uma grande falácia dizer que a satisfação e o sorriso de um bebê valem qualquer risco.
Defendendo esta idéia, um pai chegou a sugerir que se os pediatras conseguirem que os andadores sejam proibidos, como aconteceu no Canadá, a seguir vão querer proibir patins, skates e bicicletas, terminando com a alegria da criançada. Evidentemente, uma coisa não tem nada a ver com a outra.
Bicicletas, skates e patins são brinquedos para crianças mais maduras, que já têm condições de aprender as noções de segurança e responsabilidade e, por isso, podem se arrojar em atividades com maior risco. Ainda assim, é sempre importante lembrar que os devidos equipamentos de segurança, como capacete de ciclista, cotoveleiras e joelheiras, precisam ser sempre usados.
Um bebê de um ano fica radiante com muito menos do que isso: basta sentar na sua frente, fazer caretas para ele e lhe contar histórias ou jogar uma bola. Dizer que o andador torna uma criança mais fácil de cuidar revela preguiça, desinteresse ou falta de disponibilidade do cuidador.
Por outro lado, caso um adulto realmente não tenha condições de ficar o tempo todo ao lado de um bebê pequeno, é mais seguro colocá-lo num cercado com brinquedos do que num andador.Vários estudos já mostraram que cerca de 70% das crianças que sofreram traumatismos com andadores estavam sob a supervisão de um adulto. Ou seja, nem todo mundo reage a tempo de conter um diabinho que dispara pela sala a 1 m/s.
A supervisão constante da criança constitui a chamada proteção ativa, que costuma ser muito falha. O melhor é cercá-la de um ambiente protetor, com dispositivos de segurança, como grades ou redes nas janelas; estas são medidas de proteção passiva, muito mais efetiva. O andador definitivamente não se enquadra neste esquema.
Enfim, sabe-se que existe hoje em dia um movimento muito intenso na Europa e nos Estados Unidos no sentido de que legislações semelhantes à canadense sejam aprovadas e postas em prática, uma vez que todas as estratégias educativas têm falhado na prevenção dos traumatismos por andadores.Enquanto este progresso não chega ao Brasil, continuamos contando com o bom senso dos pais, no sentido de não expor os bebês a um produto perigoso e absolutamente desnecessário.
Para os interessados em informações mais detalhadas sobre o assunto:
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