BOM, EM PRIMEIRO LUGAR É IMPORTANTE LEMBRAR QUE ALERGIA À PROTEÍNA DO LEITE DE VACA (APLV) É DIFERENTE DE INTOLERÂNCIA Á LACTOSE.
A lactose é o carboidrato do leite, e a intolerância à lactose se dá pela deficiência na secreção da lactase, enzima que hidrolisa (quebra) a lactose. Esta intolerância normalmente não acomete recém-nascidos e crianças menores, mas segundo o manual de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria “Ao redor dos 2 a 3 anos de idade a criança pode vir a apresentar intolerância a lactose por diminuição da lactase”. Temos também, a intolerância à lactose que pode ser transitória, e aparece secundariamente a alguma situação, como as gastroenterites, e após algum tempo desaparece.
Como o próprio nome diz, trata-se de uma intolerância e não alergia e, algumas pessoas são mais tolerantes, outras menos. Então a quantidade de lactose aceita por cada um varia bastante, e o tratamento também será de acordo com as particularidades de cada caso. Os sintomas típicos da intolerância à lactose incluem dor abdominal, sensação de inchaço no abdome, flatulência e diarreia. As fezes usualmente são volumosas, espumosas e aquosas e em alguns casos, em que os movimentos peristálticos do intestino estão diminuídos, também é possível ter quadros de constipação.
Já a APLV é uma patologia, uma reação alérgica que envolve o sistema imunológico.
Na alergia ao leite de vaca as manifestações ocorrem mesmo quando a ingestão é em quantidade mínima.Vale lembrar que a APLV não impede o aleitamento materno, que conforme recomendações da OMS, Ministério da Saúde e Sociedade Brasileira de Pediatria, deve ser exclusivo até o 6º mês de vida e complementar até os dois anos ou mais.
Principais sintomas da APLV: vômitos, diarreia, dor abdominal, constipação, presença de raias de sangue nas fezes, dermatites. E ainda, crianças APLV normalmente apresentam problemas respiratórios.
O tratamento para APLV é exclusão da proteína do leite de vaca (leite e todos os derivados) e dos alimentos que contém traços de leite da dieta. Para aquelas crianças amamentadas, a dieta de exclusão é feita pela mãe. Para crianças em uso de fórmulas lácteas, o indicado é utilizar fórmulas específicas para o tratamento da alergia alimentar, que devem ser prescritas pelo Pediatra ou Nutricionista. Não é indicado uso de fórmulas à base de proteína de soja, pois esta também é alergênica e pode ocorrer o que chamamos de alergia cruzada (vale lembrar que as FL à base de soja não devem ser oferecidas às crianças menores de 6 meses, conforme orientação da SBP).
Para que o tratamento seja eficaz é importante a leitura dos rótulos de todos os alimentos, bem como muitas vezes as famílias necessitam entrar em contato com o SAC das empresas para certificar-se de que os produtos a serem adquiridos não contenham traços de leite.
INGREDIENTES QUE PODEM CONTER LEITE DE VACA
Aroma de queijo
Sabor caramelo
Caseína
Sabor creme da Bavária
Caseinato
Sabor creme de coco
Lactoalbumina
Sabor de açúcar queimado
Lactoglobulina
Sabor de manteiga
Lactose
Sabor iogurte
Lactulose
Sabor leite condensado
Proteínas do soro
Sabor queijo
Soro de leite
Whey protein
Sabor artificial de manteiga
Soro de Manteiga
ALIMENTOS QUE NÃO PODEM SER CONSUMIDOS
Achocolatado com leite em pó
Leite condensado
Bebida láctea
Leite evaporado
Biscoitos e bolachas com leite
Leite de cabra
Bolos e pães com leite
Leite fermentado
Cereais com leite
Leite fluído, leite em pó
Chantilly
Leite integral ou desnatado
Chocolate (com leite ou ao leite)
Leite semi-desnatado
Coalhada
Leite maltado
Composto lácteo
Manteiga, margarina com leite
Creme azedo, creme de leite
Molho branco
Doce de leite
Petit Suisse
“Engrossantes” com leite
Queijos (todos), queijo ralado
Fórmula infantil a base de leite
Queijo de cabra
Iogurtes
Sorvete com leite
Atenção: toda criança deve fazer acompanhamento com Pediatra regularmente. E preferencialmente, em se tratando de casos de intolerância e alergia alimentar, também devem ser acompanhadas por um gastropediatra e uma nutricionista infantil, para que o tratamento seja o mais completo e adequado possível.
MATTAR, Rejane and MAZO, Daniel Ferraz de Campos. Intolerância à lactose: mudança de paradigmas com a biologia molecular. Rev. Assoc. Med. Bras. [online]. 2010, vol.56, n.2. p. 230-236
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